PRAÇA DOS RESTAURADORES
Antes de existir a Praça dos Restauradores e a sua ligação à Avenida da Liberdade, este local desenhado após o terramoto de 1755, prolongamento da Praça do Rossio, foi o espaço agregador e de aceitação entre as classes sociais de Lisboa, até finais do séc. XIX.
O Passeio Público era um parque ajardinado de estilo romântico, murado e gradeado, com entradas e saídas nos topos Norte e Sul. No seu final, este espaço tornou-se um impedimento em forma de tampão para o desenvolvimento e expansão Norte da cidade.
O desmembramento começou com o arranque dos trabalhos de demolição do casario a Norte, até ao seu total desaparecimento, dando lugar à Praça dos Restauradores e ao novo Passeio Público, a Avenida Liberdade.
Esta toponímia, deriva da ideia de construção de um monumento aos restauradores de Portugal em 1640, tendo sido lançada a sua primeira pedra no 1º de Dezembro de 1875 e inaugurado em 28 de Abril de 1886.
Só no ano de 1927, foram executados os empedrados artísticos que compunham os já então existentes passeios e placa central da Praça dos Restauradores.
Na placa circular central, base do obelisco, uma composição simétrica de entrelaçados de tenazes ou pinças, palmetas ou bacalhaus e motivos vegetais. No eixo de simetria, uma espada embainhada em argola e laço.
A composição é contornada por faixa ou moldura nas intersecções dos limites da placa e da base do monumento.
Nas quatro placas de composição repetida, dispostas longitudinalmente duas a duas, a Nascente e a Poente, figuravam também as tenazes ou pinças, palmetas ou bacalhaus e troféus. No centro do eixo de simetria da placa, uma composição de quinas, anel, laurel com: em cima, elmo com viseira e penacho; em baixo, tambor e clarim.
Nas restantes quatro placas, também de composição repetida, paralelas às quatro anteriores mas de menor espessura, com tenazes ou pinças com palmetas ou bacalhaus, intercalados e intersectados por anéis que envolviam as caldeiras das árvores.
A centro, entre os pares de placas e a eixo com a placa central, surgiam um refúgio de cada lado, intitulados como refúgios de Diana ou anéis concêntricos.
Em 1957, com a construção da linha de metropolitano, inicia-se um processo de desmembramento e truncagem das placas empedradas, sobrando somente a placa central que aí perdurou até ao início da década de 70 do século passado.
Teve este empedrado artístico uma longevidade de cerca de 47 anos.
A 14 de Abril de 1973, é inaugurado o parque de estacionamento subterrâneo dos Restauradores.
Só em 1974, e através de algumas fotografias do dia da Revolução, se observa a construção do actual empedrado artístico, projecto da autoria do arquitecto João Abel Manta.
O padrão representado, remete-nos para uma origem e geometria infinita árabe, de entrelaçados, inscritos em base quadrangular ensarilhada, propagando-se pela grande placa.
Na década de 90 do século passado, observa-se ainda o rasgo no tabuleiro de acesso auto ao estacionamento que se faz debaixo da praça.
Castilho, Júlio de. (1937). Lisboa Antiga - Bairros Orientais. Volume X, pp. 173. 2ª edição, S. Industriais da C.M.L. Lisboa.
Diário de Notícias n.º 6:267, 9 de Julho de 1883, Lisboa
Ilustração, nº 24, pág. 19, 1926, Lisboa.
O Occidente, nº265, pág. 98, 1 de Maio de 1886, Lisboa.
A.M.L. - Arquivo Municipal de Lisboa
Arquivo RTP - [1973-04-14]
A.M.S. - Arquivo Mário Soares. CasaComum.org
LOCAL: Praça dos Restauradores, Lisboa, Portugal cód. #1004
INTERVENÇÕES:
1927 C.M.L.
1956 Alteração C.M.L.
ant.1974 Projecto. Arq. João Abel Manta
199(?) Intervenção C.M.L.
DIMENSÕES: 25mX85m